A raiva é uma emoção humana natural — ela não deve ser reprimida, porque faz parte dos nossos mecanismos de defesa. Ao longo da evolução, essa resposta emocional ajudou a proteger nossos limites físicos, emocionais e até sociais. O problema é que, muitas vezes, essa raiva não é dirigida à origem do problema, e sim a pessoas próximas que não têm culpa.
De acordo com o psicólogo James Averill, a raiva pode ter uma função organizadora e até produtiva. Mas quando acumulada, sem ser expressa de forma saudável, ela pode transbordar. É o que a psicóloga María Pinilla chama de “termômetro emocional”: cada situação incômoda durante o dia vai elevando nossa “temperatura interna” — e basta um pequeno estímulo, como uma frase mal colocada ou um atraso, para que tudo venha à tona.
O acúmulo emocional vem do hábito de não externalizar o que sentimos. Guardar tudo “para evitar conflito” pode nos sobrecarregar emocionalmente, e quem acaba recebendo essa descarga é alguém querido — um parceiro, amigo ou familiar.
Segundo Pinilla, a solução está em aprender a comunicar nossas emoções com clareza e respeito. A assertividade é essencial para lidar com a raiva de forma equilibrada: dizer “não” quando necessário, expressar incômodos no momento certo e reconhecer nossos limites. Se isso parecer difícil, o apoio de um psicólogo pode fazer toda a diferença.