Em meio à escuridão da guerra, onde bombas e destruição tentam sufocar qualquer traço de esperança, uma menina de apenas 11 anos brilhou como um farol de resiliência. Yaqeen Hammad, a mais jovem influenciadora de Gaza, tornou-se um símbolo de vida em meio ao caos. Seus vídeos, marcados por sorrisos, danças e iniciativas solidárias, cruzaram as fronteiras da Faixa de Gaza e tocaram corações ao redor do mundo.
Com mais de 90 mil seguidores nas redes sociais, Yaqeen transformava ruínas em palcos de esperança, organizando brincadeiras e distribuindo roupas para órfãos, como ela mesma relatou em um de seus últimos vídeos: “Hoje foi um dia de alegria para os órfãos de Gaza, demos a eles roupas novas para trazer um pouco de felicidade.”
Mas a luz de Yaqeen foi brutalmente apagada. Na noite entre 23 e 24 de maio de 2025, um ataque aéreo israelense na área de Al-Baraka, em Deir el-Balah, no centro de Gaza, destruiu sua casa, matando-a junto com a maior parte de sua família. “Yaqeen, minha campeã. Minha irmãzinha, minha alma, foi morta”, escreveu seu irmão Mohamed, um dos poucos sobreviventes, em um lamento que ecoa a dor de uma perda irreparável.
A menina que desafiava as bombas com um sorriso tornou-se mais uma entre as milhares de vítimas da ofensiva israelense. Desde o início do conflito, em outubro de 2023, mais de 50 mil palestinos perderam a vida, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
A tragédia de Gaza: uma crise humanitária sem precedentes
A morte de Yaqeen não é um episódio isolado, mas um retrato da catástrofe humanitária que se agrava a cada dia em Gaza. Nos últimos 19 meses, os habitantes do enclave enfrentam condições de vida insuportáveis.
Desde 2 de março de 2025, Israel bloqueou totalmente a entrada de ajuda humanitária, suprimentos médicos e produtos comerciais. Como resultado, 1,94 milhão de pessoas enfrentam insegurança alimentar aguda, e cerca de 71 mil crianças sofrem de desnutrição severa, conforme dados da ONU e da Iniciativa de Classificação de Fases de Segurança Alimentar (IPC).
A fome se agrava com a destruição da infraestrutura. Todas as padarias de Gaza fecharam por falta de combustível e farinha. A assistência médica também está à beira do colapso. Hospitais como o Al-Aqsa, em Deir el-Balah, operam sob pressão extrema, atendendo vítimas diárias com recursos mínimos. O diretor do Hospital Kamal Adwan, Hussam Abu Safia, foi detido por forças israelenses em dezembro de 2024. Os ataques a hospitais, como os registrados em Khan Younis em maio de 2025, continuam, violando o direito internacional humanitário.