"O ETERNAUTA": A OBRA ARGENTINA MARCADA PELA TRAGÉDIA DE SEU AUTOR
Publicado em 04/05/2025 19:25
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A recém-lançada minissérie O Eternauta, sucesso de audiência na Netflix, trouxe novamente ao debate a clássica história em quadrinhos argentina de mesmo nome, criada por Héctor Oesterheld e ilustrada por Francisco Solano López. O enredo acompanha Juan Salvo, um homem preso em casa com família e amigos durante uma nevasca mortal, que se revela um evento catastrófico de proporções globais.

Por trás da obra icônica, há uma história real de dor e desaparecimento. Oesterheld, considerado o maior escritor de ficção científica da Argentina, foi vítima da repressão da ditadura militar que tomou o país em 1976. Militante do grupo Montoneros ao lado de suas quatro filhas, ele e a família foram sequestrados em 1977, desaparecendo sem deixar rastros.

A primeira publicação de O Eternauta surgiu na revista Hora Cero Semanal, entre 1957 e 1959. Inicialmente, o enredo refletia preocupações globais como a Guerra Fria e o avanço tecnológico, mas sem um tom político explícito. Isso mudou em 1969, quando a revista Gente encomendou uma nova versão da história, desta vez carregada de crítica ao autoritarismo. Oesterheld transformou sua narrativa em um manifesto contra a opressão, prevendo os tempos sombrios que viriam a seguir.

A repressão instaurada com o golpe militar de 1976 marcou a Argentina com perseguições a opositores, entre eles artistas, estudantes e ativistas. Oesterheld e suas filhas pagaram com a vida por sua militância. Seus corpos jamais foram encontrados.

Com traduções para vários idiomas, O Eternauta atravessou décadas e conquistou reconhecimento internacional. Apesar disso, pesquisadores indicam que Oesterheld nunca soube do impacto de sua obra, que, na época, era considerada marginalizada no país.

Agora, a adaptação televisiva da Netflix, estrelada pelo renomado ator Ricardo Darín, reafirma o legado do autor e sua obra imortal. O sucesso da produção resgata não apenas a narrativa envolvente da HQ, mas também a memória de seu criador e a brutalidade da história argentina.

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