O governo italiano anunciou nesta sexta-feira (28) novas regras para obtenção de cidadania por descendência, limitando o direito apenas a filhos e netos de cidadãos nascidos na Itália. A medida visa conter o excesso de solicitações e possíveis abusos no sistema atual, que permitia rastrear ancestrais distantes.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, a partir de agora, apenas quem tiver pelo menos um pai ou avô nascido em solo italiano poderá requerer o passaporte. "Ser cidadão italiano é algo sério, não um meio para facilitar viagens", afirmou.
Os consulados italianos no exterior suspenderam temporariamente novos agendamentos para se adaptarem às mudanças. O país enfrenta um aumento expressivo de pedidos, especialmente na América do Sul. Entre 2014 e 2024, o número de italianos registrados no exterior subiu 40%, chegando a 6,4 milhões. Na Argentina, os reconhecimentos de cidadania passaram de 20 mil (2023) para 30 mil (2024), enquanto no Brasil saltaram de 14 mil para 20 mil no mesmo período.
Tajani criticou empresas que lucram com buscas genealógicas, sobrecarregando cartórios e consulados. No futuro, os processos serão centralizados em Roma para agilizar as demandas.
A Itália, com 59 milhões de habitantes, estima que entre 60 e 80 milhões de pessoas no mundo seriam elegíveis sob as regras antigas. O governo mantém o princípio do ius sanguinis ("direito de sangue"), mas reforça limites para evitar a "comercialização de passaportes". Enquanto isso, filhos de imigrantes nascidos no país ainda precisam esperar até os 18 anos para solicitar a cidadania — uma discrepância alvo de críticas.